sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Alunos de escolas públicas são mais beneficiados por políticas de cotas

A Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) divulgou ontem um levantamento que analisa a relação entre as universidades e as ações afirmativas no Brasil. De acordo com a pesquisa Monitoramento das Políticas de Ação Afirmativa, cerca de 60% das universidades estaduais e federais do país adotam algum tipo de política neste sentido, das quais 42% são cotas. O modelo cotista mais utilizado é aquele que se destina para alunos originários da rede pública de ensino (82% das vagas). As outras formas de cotas encontradas nas dez instituições pesquisadas foram a reserva de vagas raciais -para indígenas (59%) e negros (58%)-, deficientes físicos, assentados de reforma agrária, quilombolas e alunos de cidades do interior. A criação de vagas extras nos cursos e a adição de pontos no vestibular também são exemplos de ações afirmativas.

Apesar do alto índice de vagas, os afro-descendentes ainda são minoria no ensino superior, em relação aos brancos. De acodo com dados da Síntese de Indicadores Sociais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgados no último dia 24, o número de brancos (com 21 anos de idade) nas universidades cresceu 12,1 %, de 1997 a 2007, mas a de pretos e pardos cresceu apenas 6,2 %, no mesmo período. Além disso, até o ano passado, apenas um quarto dos estudantes pretos e pardos cursavam o ensino superior, em oposição a mais da metade de brancos matriculados.

O principal problema, como todo mundo sabe, está no ensino básico, que é de má qualidade e de difícil acesso para a maioria da população. Porém, na ausência de medidas a curto-prazo que possam resolvê-lo, as ações afirmativas despontam como uma maneira de remediar esta diferença, principalmente com as chamadas cotas sociais (que não consideram a raça do candidato), que são as mais oferecidas. Além disso, ao invéz de apenas criticar é interessante refletir sobre os resultados que as cotas raciais geraram, se trouxeram benefícios (e quais são eles) ou se acirraram as diferenças e o preconceito, como muitas pessoas contrárias às cotas raciais afirmam.

Em comemoração ao post número 100 do nosso blog (sim, já chegamos ao centésimo, com atualizações praticamente diárias!), convido a todos para discutir sobre esta questão polêmica. Deixe a sua opinião aqui!

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